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VIAGENTE

Às vezes me dizem que o que tiver de ser será
Mas será que o que eu tiver até lá vai me segurar?
Não me amanso no dia de hoje pacientemente à espera do sim ou do não.
Quero sair quebrando a cabeça por paredes e paradas da mente.

Bem que poderia o tempo ser cavalinho domável,
mas o cavalhete sobre o qual se apóia a beleza dos dias não fica no mesmo lugar.
As imagens somem e reaparecem numa velocidade que faz o passageiro se sentir parado.
Não adianta querer descer do vagão pra ficar mais próximo das coisas belas do mundo,
nem correr atrás da árvore mais linda que se deixou para trás.

A viagem prossegue e persegue caminhos que saem da rota do maquinista.
Maquinações do cérebro, faço-me atravessada pelos trilhos.
Penso num plano para tomar o volante ou ter acesso ao botão de desligar.
Sofro a cada tentativa, cada frustrada ação depreciativa do poder que a vida tem de tudo guiar.

Será que não devo fazer mais perguntas ao vento, para que ele deixe de me castigar?
Cada grão de pó na ampulheta é um suspiro aprisionado e a areia dos anos desfeitos em erosão está dispersa por aí, escapou-me entre dedos e dados.

Escrava transportada ou escrivã do transporte,
ainda não sei, nessa jornada, como melhor me portar.
Só sei que gosto de contemplar a vista de fora, sentadinha no lugar de passageiro,
bem acomodada e segura para tudo ver e comentar.

Mas, percebo que isso não basta e antes nossos dias gasta,
pelo peso do ver apesar do pensar.

Vi agir a estrada e que o
viajar nela entrava.

Sem atalho à sorte, nem placas pra morte...
Sigo viajando sobre cascalhos.

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