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CEM SENTIDOS

Será que a vida faz sentido?
Sentido que estou, não vejo resposta.
Sem ter ido ao que sou, não vi em que crer se possa.
Procurei um sentido em meus sentidos.
Senti, sentei no tempo e vi a vida que passava.
Santa, quis amor infinito
e, amada e amuada, assim me limito...

Preciso mudar a cadência dos velhos passos de criança,
e a decadência da árvore onde me plantava longe do chão.
Abafar as conversas entre as fadas que moram na mente,
para ouvir o murmúrio da própria condição.

Dos troncos a que me agarrava fizeram papel
e fiz papel de boba falando com a folha da planta e do livro.
Se, para o que guardava meu peito, todo homem era morto,
precisava manter, no que não existe, algo ainda vivo.

Meus versos ficaram livres de repente
e pularam das linhas com energia independente.
Tentei fazer o mesmo e saí do conto inventado
para seguir outras histórias e escrever com rastros.

Faço riscos no caderno e planejo arriscar.
A sujeira das ruas me risca a pele sem poder parar.
Paro e penso, mas o senso do sentido não me ajuda.
Talvez a busca em outro sentir seja o que tudo muda!

Aos poucos, sou livrada da dependência do comodismo:

Mais um dia sem beber,
Mais um dia para morrer,
Menos tempo a temer...

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