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MÁGOA

Hércules é a favor da pena de morte. Para ele, não há Zeus capaz de argumentar pela defesa da tolerância ao mal. Alguns atos não podem ter perdão, no seu modo de ver. E, caso o mundo fosse detetizado das almas perversas, sem dúvidas, sua vida e também a dos outros seria outra.

E como seria? Como seguiria a existência, se Hércules mandasse exterminar todos os homens ruins da Terra? Quem restaria? Talvez, para implementar a idéia, precisasse criar diferentes graus de erros merecedores de punição severa: tropeços, falhas, injúrias, agressões físicas, até chegar à crueldade digna da extinção da vida de quem praticou o mal.

Perdido nas dúvidas que lhe envolviam quando da idealização de tal limpeza da Humanidade, Hércules procurou luz no posicionamento de dois dos maiores sábios de seu reino. Um deles lhe propôs que fizesse um mapeamento dos criminosos mais temidos da região e, em seguida, vasculhasse suas vidas para que qualquer punição futura fosse muito bem fundamentada nas provas de sua maldade.

Hércules ficou pensativo. "Ter fundamento é deter o poder da justiça? Será que fazer justiça tem fundamento?"

Foi então que o herói ouviu a voz do segundo sábio. A sugestão dada foi para que se mudasse para terras distantes, onde o ar fosse puro e as pessoas caminhassem tranqüilas e bem protegidas pelos becos mais ausentes de claridade.

Hércules dispensou os serviços desse segundo oráculo. "Meu lar e meu povo são o que sou. Quem pode conhecer a alma humana se não leva em conta onde ela está?", enfureceu-se.

Por fim, o ser metade Deus, metade homem, acatou a primeira das sugestões que lhe foram profetizadas. Deu, então, início à retirada do sopro de existência das carcaças que não faziam jus ao proveito dessa dádiva.

O primeiro a ser executado, sabia bem quem seria: o infeliz que tirara a vida de Afrodite por não ter conseguido manter a sanidade diante do desprezo ao amor e à adoração que pela virgem mantinha.

Hércules também um dia amou Afrodite e agora esse sentimento, de novo, sangrava. O homem filho de Zeus passava, assim, a só usar sua parte mundana.

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