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CANÇÃO DE ACORDAR

É também da Mãe o dia que é dia da criança.
Vem a luz e o mundo gira como a rodada ciranda.
Tudo é sonho e colorido, ser feliz é brincadeira.
O abraço é o mais sincero, a careta é passageira.

Não tem mais cara nem tom,o velho boi da cara preta.
Sem feições, o egoísmo,em tudo, a todos alimenta.
Mas que má criação é essa? Vá pro canto, seu menino
e não cante mais cantiga, o silêncio é seu destino.

Já mandei parar de fazer arte! Você é novo demais para isso...
Talvez, quando envelheça, compre arte e diga, é rico.
Logo, agora é tabuadapara saber quanto gastar.
Quantas laranjas compro com tanto? Estude e só assim responderá.

Nana neném, que a cuca vem pegar.
Papai foi pro escritório, mamãe foi lipoaspirar.
Dorme tranquilo e entenda o que se dá:
o monstro é mesmo sua cuca no futuro que virá.

Escravos de jó, são adultos que jogam.
Sociedade é fantasia, velhas mentes histórias contam,
para buscar a alegria no fim de um arco-íris preto e branco,
até baterem à porta da morte com as mesmas certezas de um infante.

Mas aí será muito tarde e já se terá posto o sol nascente,
cujo amarelo foi desenhado pela mão de um inocente.
O cravo brigou com a rosa, em frente da minha casa.
Saiu ferido o pequeno botão que tudo viu sem dizer nada.

Se dissesse o que é injusto, ía pro castigo sem direito a manha,
mas, em tamanha falta de direito, o mundo é de todo punição ganha.
Acredita, o pequenino, no bicho papão
e, assim, se prepara pro medo da própria invenção.

Faz de conta que eu era livre, de leveza incalculadae, se fosse pêga, era péga-péga, com toda disputa depois acabada.
Porém, o homem jamais cresceu, nem quando meu pai era herói.
E é a pureza autêntica da sua alma o que o tempo áspero corrói.

Mas, vá para o quarto, filho, porque isso não é assunto para criança.
Num modo de vida censurado, entram só os responsáveis pelo fim da esperança.

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