CARTA SEM DESTINO
Cara lembrança,
Não sei até quando fingir que você está no meu passado.
O que precisa ser recordado para continuar vivo em nossa existência, não necessariamente, faz parte do entulho de nossos esquecimentos.
Há coisas que desaparecem com o passar do tempo.
Assim foi com nossos nomes escritos na areia, após o mar invadir dela as reentrâncias que formavam letras.
Outros elementos da vida permanecem para sempre intocados, embora não possam evitar ser atingidos por algumas mudanças.
Nossa antiga fotografia mudou de cor no decorrer das décadas.
Na cena retratada, nossos risos, antes brancos, agora são amarelos.
Mas, a imagem ainda existe em dimensões concretas sobre as mãos e baixo à visão.
Costumo manter tudo o que guardo de épocas mortas não muito longe do alcance.
Nada de baús empoeirados, ou grossos álbuns com fechadura.
Você está entre meus livros preferidos, com o rosto feliz solto entre capas, para que eu possa contemplá-lo a cada vez que for buscar uma nova leitura para histórias já conhecidas.
Nosso romance chegou ao fim há tempos e não cheguei a tempo de compreender o sentido da narrativa. Talvez por isso ainda insisto que os fatos não se esgotaram com o último ponto final.
Sou daquelas lunáticas que fecham um livro e depois abrem a imaginação para tentar adivinhar por onde ainda andariam personagens, cuja pequena parte da vida me fora apresentada.
Nunca entendi o final e, se entendi, é fato que não o aceitei.
Isso não porque eu gostaria que as pessoas presas em histórias contadas seguissem caminho diferente daquele que li. Mas sim, pela estupidez que vejo na idéia de acabar o relato de uma vida antes de ela terminar.
Tudo bem que, para atender a esse capricho meu, jamais existiriam escritores dispostos ao trabalho eterno, nem árvores e folhas de papel suficientes.
Cedo, então, e deixo que as personagens avivadas em frases continuem aprisionadas entre páginas.
No entanto, comigo não posso deixar que isso aconteça. Sou livre inexoravelmente e meu sentimento ultrapassa qualquer limite de caracteres e características.
Não vou enquadrar minhas vivências num ou noutro gênero literário, ainda que isso possa sugerir uma submissão ao gênero sexual oposto.
A intenção não é venerá-lo como eleito autor dos meus próximos passos. Só pretendo preservar comigo afetos que não posso, nem quero, relegar ao canto sujo de uma estante de sebo.
Não sei quem criou a maldita obra que ensina as pessoas a produzirem o passado, fechando-se para paisagens presentes, pela necessidade de auto-defesa, com base em desconfiança.
Faço parte dos leitores descontentes, grupo que odeia enredos pragmáticos, lineares e convencionais.
O bom final deve ser surpreendente, inusitado e impulsivo ao ponto de que eu mesma o possa criar. E poder criativo não me falta...
A ânsia por viver amando, de tão extensa, vale-me da vida a autoria.
É aí que surge um papel branco a minha frente.
Cara lembrança,
Não sei até quando fingir que você está no meu passado.
O que precisa ser recordado para continuar vivo em nossa existência, não necessariamente, faz parte do entulho de nossos esquecimentos.
Há coisas que desaparecem com o passar do tempo.
Assim foi com nossos nomes escritos na areia, após o mar invadir dela as reentrâncias que formavam letras.
Outros elementos da vida permanecem para sempre intocados, embora não possam evitar ser atingidos por algumas mudanças.
Nossa antiga fotografia mudou de cor no decorrer das décadas.
Na cena retratada, nossos risos, antes brancos, agora são amarelos.
Mas, a imagem ainda existe em dimensões concretas sobre as mãos e baixo à visão.
Costumo manter tudo o que guardo de épocas mortas não muito longe do alcance.
Nada de baús empoeirados, ou grossos álbuns com fechadura.
Você está entre meus livros preferidos, com o rosto feliz solto entre capas, para que eu possa contemplá-lo a cada vez que for buscar uma nova leitura para histórias já conhecidas.
Nosso romance chegou ao fim há tempos e não cheguei a tempo de compreender o sentido da narrativa. Talvez por isso ainda insisto que os fatos não se esgotaram com o último ponto final.
Sou daquelas lunáticas que fecham um livro e depois abrem a imaginação para tentar adivinhar por onde ainda andariam personagens, cuja pequena parte da vida me fora apresentada.
Nunca entendi o final e, se entendi, é fato que não o aceitei.
Isso não porque eu gostaria que as pessoas presas em histórias contadas seguissem caminho diferente daquele que li. Mas sim, pela estupidez que vejo na idéia de acabar o relato de uma vida antes de ela terminar.
Tudo bem que, para atender a esse capricho meu, jamais existiriam escritores dispostos ao trabalho eterno, nem árvores e folhas de papel suficientes.
Cedo, então, e deixo que as personagens avivadas em frases continuem aprisionadas entre páginas.
No entanto, comigo não posso deixar que isso aconteça. Sou livre inexoravelmente e meu sentimento ultrapassa qualquer limite de caracteres e características.
Não vou enquadrar minhas vivências num ou noutro gênero literário, ainda que isso possa sugerir uma submissão ao gênero sexual oposto.
A intenção não é venerá-lo como eleito autor dos meus próximos passos. Só pretendo preservar comigo afetos que não posso, nem quero, relegar ao canto sujo de uma estante de sebo.
Não sei quem criou a maldita obra que ensina as pessoas a produzirem o passado, fechando-se para paisagens presentes, pela necessidade de auto-defesa, com base em desconfiança.
Faço parte dos leitores descontentes, grupo que odeia enredos pragmáticos, lineares e convencionais.
O bom final deve ser surpreendente, inusitado e impulsivo ao ponto de que eu mesma o possa criar. E poder criativo não me falta...
A ânsia por viver amando, de tão extensa, vale-me da vida a autoria.
É aí que surge um papel branco a minha frente.
Ausência de idéias, vazio de crenças.
Decepção com a própria força apagada à borracha que traz retrocesso.
Será que preciso tanto assim de você?
Como é que posso saber se ainda não me permito lançar qualquer produção que só parta de mim?
Decepção com a própria força apagada à borracha que traz retrocesso.
Será que preciso tanto assim de você?
Como é que posso saber se ainda não me permito lançar qualquer produção que só parta de mim?
Importunada pelo que não importa, prendo-me à importância de importar seus pensamentos para meus contos.
Não sei me ver como leitora.
Personagem rebelde, quero sair da linha e correr por espirais que seguem meus sentidos divididos por capítulos.
Não sei amar, nem busco redenção com a redação das presentes palavras.
Não posso negar que desejo uma resposta, mas, tampouco, faço, para que essa venha, aposta.
Se me amasso e pulo ao cesto, tenho um sexto ao menos de chances de domir tranqüila.
Caso me jogue na sua caixa de correio, volto à primeira página, ao lado do título de uma solidão já esperada.
Sou poeta e não aprendi a amar. Das frases que ouvi, essa melhor me cabe.
Poetas são pessoas nada rimadas, que respiram amor e se alimentam de fantasia.
Quero o mais real sentir,
mas só o que bem faço é sonhar.
Sonho, então, que tu abras minha alma num envelope e eu sele com paz de espírito tantas cartas de baralho para ti já escritas.
Amor não é jogo,
mas não sei não me jogar.
Deixe minhas declarações no fundo de uma gaveta,
enquanto deixo minha mente voar.
Guardo sentimentos, recados e fotos,
só não aprendi a me guardar.
Não sei me ver como leitora.
Personagem rebelde, quero sair da linha e correr por espirais que seguem meus sentidos divididos por capítulos.
Não sei amar, nem busco redenção com a redação das presentes palavras.
Não posso negar que desejo uma resposta, mas, tampouco, faço, para que essa venha, aposta.
Se me amasso e pulo ao cesto, tenho um sexto ao menos de chances de domir tranqüila.
Caso me jogue na sua caixa de correio, volto à primeira página, ao lado do título de uma solidão já esperada.
Sou poeta e não aprendi a amar. Das frases que ouvi, essa melhor me cabe.
Poetas são pessoas nada rimadas, que respiram amor e se alimentam de fantasia.
Quero o mais real sentir,
mas só o que bem faço é sonhar.
Sonho, então, que tu abras minha alma num envelope e eu sele com paz de espírito tantas cartas de baralho para ti já escritas.
Amor não é jogo,
mas não sei não me jogar.
Deixe minhas declarações no fundo de uma gaveta,
enquanto deixo minha mente voar.
Guardo sentimentos, recados e fotos,
só não aprendi a me guardar.
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