APURAÇÃO
Ultimamente só tenho pensado em versos,
e isso deve fazer com que eu ande cada vez menos compreensível
e mesmo inatingível aos olhos de quem tem a alma cega.
Por outro lado, sinto que estou cada vez mais perto do que sou
quando me protejo assim na sombra dos sentidos figurados...
Porque talvez eu seja pura metáfora da ânsia que trago no espírito,
da vontade de descascar coisas e nomes para chegar ao fim da vida.
Vivo me estranhando com essa tal poesia, de tão parecidas que somos...
Batemos de frente porque ela, assim como eu, tem seus momentos de maior ceticismo, realismo e praticidade.
Só que nossos estados de ânimo não coincidem: ela quer escorrer pelas páginas em branco, e eu quero que uma cerveja gelada me escorra pela garganta.
Se eu resolvo pegar o lápis, a pentelha toma as idéias pelas mãos e toca com elas a fugir...
Porém, como os namorados que fazem amor com maior entrega após uma boa briga, no meu encontro com a tal poesia, quando ele finalmente acontece entre ídas e vindas, sinto um orgasmo mental descomunal...
Essas palavras que ninguém entende são minha terapia, meu sexo, minha birita, meu baseado em fatos reais...
Depois desse trocadilho infame, virá você que me lê perguntar: mas, o que você quis dizer com a primeira estrofe?
Pois saiba que todo poema só não é maior mistério para o leitor que para quem o escreveu...
Costumo dizer que não escrevo, psicografo e ponho em grafia o que diz minha psique.
Não sei se a boa poesia deve ser sensível ou esperta, só tenho certeza de que as linhas em que ela se mostra são feitas de fio cortante, material com a acidez da filosofia.
Seu maior talento está em falar de ossos expostos e feridas abertas e ainda conseguir manter a aparência de pluma ao sol.
Há artistas que escolhem a profissão para mostrar sua existência da forma mais tocante à humanidade.
Eu só quis fazer algo para aliviar o que eu guardava sob chaves imobilizadas pela falta de segurança que, em verdade, já estava dentro.
E descubro a cada letra e passo que não escolhi a literatura como expressão, mas é ela, arte de escrever, viva, independente e universal, que se expressa por meio de mim.
Por isso, tive certeza de que já não era amada quando meu antigo namorado e consultor literário julgou o último texto que lhe mostrei ingênuo.
Aqueles parágrafos eram como meus membros. E, dizendo que seu conteúdo era bobinho, ele desfez sua importância e também desmontou meu organismo interno por inteiro...
Sou mesmo uma figura, figura de linguagem.
Aparência dócil e pura envolvendo fúria indignada com contradições de todo tipo e toda sorte de loucura que por sorte existe.
Faço-me de forte, mas o que me faz é o puro sentir.
E sentir é sempre sofrer. Mesmo quando o céu se abre ou alguém lhe sorri.
O sentimento de verdade não é para quem quer bem estar mas para quem aceita a felicidade imperfeita.
Como vai você? Pergunte-me agora. Direi-lhe que mal, muito mal, mas feliz, acima de tudo feliz, por me deixar cair livremente por páginas acessíveis ao próprio olhar e à vista das janelas mais abertas para o apreciar do sol.
Tudo o que sempre quis foi saber os porquês de mim.
Como ando sobre frases e respiro rimas,
Desbaratinei da dúvida e me defini:
Tenho muito gosto em me apresentar: mulher abstrata, corpo alegoria.
Porém, como os namorados que fazem amor com maior entrega após uma boa briga, no meu encontro com a tal poesia, quando ele finalmente acontece entre ídas e vindas, sinto um orgasmo mental descomunal...
Essas palavras que ninguém entende são minha terapia, meu sexo, minha birita, meu baseado em fatos reais...
Depois desse trocadilho infame, virá você que me lê perguntar: mas, o que você quis dizer com a primeira estrofe?
Pois saiba que todo poema só não é maior mistério para o leitor que para quem o escreveu...
Costumo dizer que não escrevo, psicografo e ponho em grafia o que diz minha psique.
Não sei se a boa poesia deve ser sensível ou esperta, só tenho certeza de que as linhas em que ela se mostra são feitas de fio cortante, material com a acidez da filosofia.
Seu maior talento está em falar de ossos expostos e feridas abertas e ainda conseguir manter a aparência de pluma ao sol.
Há artistas que escolhem a profissão para mostrar sua existência da forma mais tocante à humanidade.
Eu só quis fazer algo para aliviar o que eu guardava sob chaves imobilizadas pela falta de segurança que, em verdade, já estava dentro.
E descubro a cada letra e passo que não escolhi a literatura como expressão, mas é ela, arte de escrever, viva, independente e universal, que se expressa por meio de mim.
Por isso, tive certeza de que já não era amada quando meu antigo namorado e consultor literário julgou o último texto que lhe mostrei ingênuo.
Aqueles parágrafos eram como meus membros. E, dizendo que seu conteúdo era bobinho, ele desfez sua importância e também desmontou meu organismo interno por inteiro...
Sou mesmo uma figura, figura de linguagem.
Aparência dócil e pura envolvendo fúria indignada com contradições de todo tipo e toda sorte de loucura que por sorte existe.
Faço-me de forte, mas o que me faz é o puro sentir.
E sentir é sempre sofrer. Mesmo quando o céu se abre ou alguém lhe sorri.
O sentimento de verdade não é para quem quer bem estar mas para quem aceita a felicidade imperfeita.
Como vai você? Pergunte-me agora. Direi-lhe que mal, muito mal, mas feliz, acima de tudo feliz, por me deixar cair livremente por páginas acessíveis ao próprio olhar e à vista das janelas mais abertas para o apreciar do sol.
Tudo o que sempre quis foi saber os porquês de mim.
Como ando sobre frases e respiro rimas,
Desbaratinei da dúvida e me defini:
Tenho muito gosto em me apresentar: mulher abstrata, corpo alegoria.
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