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ARTEÍSMO

Sábio quem disse que nada se cria.
Minhas idéias são transformação do que
um dia minha mente amou e meu coração entendeu.

Sinto segurança quando falo frases gasosas
que ninguém compreende.
Há coisas que nascem para ser degustadas,
internalizadas, sem a mínima razão ou entendimento.

Talvez tudo tenha surgido assim,
com o simples propósito de ser aceito.
Mas, não quero ser abrigada sem perguntas,
como não quero que isso façam com meu versos.

Se me dizem que leram um texto meu,
depois de dividirem comigo o que sentiram em cada linha,
sem ter isso sentido para o que ardia em mim quando escrevia,
alegro-me.

Percebo contente que sou lida por quem em nada me entende.
Respiro aliviada por ser uma eterna incompreendida,
amada por ser mal interpretada,
e amante de quem me usa pra se auto-interpretar.

Vivo a buscar um texto que se descole da minha alma,
perdendo a forma até para sua fonte no instante seguinte.

Se amanhã eu ler isso e sentir de novo o que agora me invade,
verei em tal feito obra oca.
Por isso, prefiro fechar a boca,
abrir os olhos com força,
deixar-me invadir por sussurros
e sons mudos da natureza.

Quando calo o raciocínio o que tenho é livre e verdadeiro,
do alto da louca fantasia em que imergir me deixo.

A única inspiração que existe é a do ar.
O resto é in piração do leitor.


2 comentários:

F. B. Bonanome disse...

Posso não comentar, mas estou sempre a ler. Agrada-me, não por ser uma forma de me "auto interpretar", mas talvez, por saber que flutuam soltas outras pessoas com a mesma segurança insegura.

Fabíola Bió disse...

oi flávio! que bom receber um recado seu! obrigada, saudade!