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SÓ METAFÓRICA

- Cara, hoje eu bem que podia morrer para não ter que viver com essa dor de cabeça...
- Eu também poderia morrer hoje e partiria dessa para outra muito feliz.

Às vezes ajo como se o amanhã não existisse.
Ligo para pessoas com quem há tempos não falava. Tento fazer as pazes com alguns, arranjo confusão com outros. E tudo perde a emoção quando volto a abrir os olhos.

Hoje é daqueles dias que, por querer fazer tudo o que nunca fiz e viver toda a felicidade possível num único segundo, acabo me prendendo a uma eternidade de tédio.
Não sei por onde começar a aproveitar este tempo livre e deixo a tarde passar pensando no bem estar que é estar bem e sem compromissos.

Toco o violão de mais de dez anos desafinado e cheio de pó, e as notas que saem são tristes e desritimadas.
O instrumento ainda não deu liberdade para a canção mais pura, e meu corpo também não se deixou tocar pelas boas sensações que vêm de fora.

Queria que todos os pensamentos e a sensibilidade do mundo coubessem numa única palavra...
- Meta fora essa metáfora! Digo ao espírito escritor solto pelos ares cujos textos às vezes psicografo.

Mas, algumas coisas tanto querem sair, que explodem antes de achar espaço por onde escapar.
Um pouco implodida por dentro, vivo um daqueles dias utilíssimos em toda a sua inutilidade.
A maior representação da contradição humana é uma tarde como essa, vazia e de céu indeciso.

Mato, assim, o tempo
num atual tempo que convida a morrer,
mas não mata porque ainda não pode fechar os olhos em paz.

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