Gallery




PÉ DE VIDA

Não plantei uma árvore,
não escrevi um livro,
nem tive um filho.

Escrevi numa árvore,
tive livros,
e plantei a chance de ter filhos.

Esse último plano, enterrei no plano sem o cultivar.
Deixo ao bel prazer do clima tal semente vingar.
A planta que fiz do futuro pode florescer ou secar.

Amazonino quis abraçar um jacarandá para compensar o rio que poluiu,
mas esqueceu-se de perceber que uma floresta toda o abraçava.
Pés de terra deram com a bunda de Severino na falta de chuva.
E Dadá tem na cabeça cabelos e idéias que só lembram as raízes da caatinga.

Quantos braços de rios circundam estes vales!
E ainda há os que se banham em lágrimas sem mais acender velas por temer trovões.

Trago na planta do pé a ligação com minha terra.
Mas, o pé de manga mangou do meu riso e minguou, sumindo no passado.
Então, vi-me e vim só entre palmadas das palmeiras.

Tive uma árvore,
Escrevi um filho,
e plantei um livro...

Não sei se seu fruto quer ser semente ou ser mentira.
Só vejo que idéias são pólem e me escapolem.

0 comentários: