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FOLIA DE CINZAS

É carnaval!
Há carne e aval
para usar fantasias de pele.

Cada um desfila sua anestesia
Enquanto ainda a carne vale,
e o corpo arde,
a salvo de uma vida em quaresma.

São tantos adereços sem endereço,
E enredos de vida em remendos...

A porta-bandeira se abre para o mundo,
enquanto o mestre faz sala ao ministro...

No quesito alegoria, a nota é dez,
mas qualquer comissão de frente fica atrás
se é formada de discussão séria,
e não dos quadris da mulata etérea.

Bateria para abafar o som
do choródromo interno,
Máscara para sorrir,
quando os porquês são de paetê,
Álcool para desinfetar a cabeça
de coisas sem purpurina...

Perco o brilho quando a festa acaba,
mas não me livro de coloridos disfarces.

Ó carnaval que venta um vendaval de carne,
e passa como um tufão, levando os dias,

Por que não inventa de arrastar com a multidão
um pouco de alma?
O carro onde vou pela avenida já vira sucata,
e sambo com a sorte, sem ter morada...

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