Ser ou não ser?
Alguém, com razão perguntou,
mas não indago por que sou.
Existir ou desistir?
Viver ou sobreviver?
Gosto mais dessas questões...
Prefiro interrogar o nascer do sol, a cada dia.
A morte shakespeariana não me aflige.
A vida epicurista não me basta.
Hamlet teme a falta de sonhos do mundo dos mortos.
Eu sofro a ausência do sonhar no mundo em que vivo.
Nos jardins do prazer, meu deleite é um sopro de vento,
a balançar-me os sentidos.
Nos castelos da consciência, minha razão é fagulha de brasa,
a iluminar-me os significados.
Mas, para deixar de ser vil ou servil,
teria mesmo que escolher o punhal, ou o convento.
Covarde demais para a primeira opção,
para a segunda, falta-me vocação.
Tenho mania de encontrar razões para respirar,
e achar certa graça na dor.
Não sei se vivo por amor,
ou se amo para me distrair da verdade.
Talvez seja culpa da minha vaidade,
a intenção de forjar ressurreição em palavras.
Sou livre do medo de morrer, não por sorte,
mas por me assustar mais o descanso eterno em vida...
Que se abram feridas,
se for para trazer brilho ao porão onde dormem as almas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário