Fiz uma poesia encomendada
sobre carnaval,
e, como quem compõe um enredo
a partir do tema pré-definido,
porém, sem talento para tal oficio,
apresentei versos como vestimentas...
Palavras cheias de adornos,
mas sem o contorno
de um corpo de ideias que as ocupasse...
Não sou mesmo boa em fabricar poemas...
Só vejo um texto fantasiado de mim
quando não o inventei, e sim, despi.
Era eu quem seguia pela avenida sob plumas e versos,
buscando ser vista, não vasculhada...
O mote pro meu samba já tinha,
na caneta como disfarce,
e o seu desenlace era a alienação
do meu só pudor.
Enquanto isso, a multidão requebrava,
entornando copos e sentimentos.
Mas, eu, louca de sobriedade,
não sorri, nem cantei...
Quis reproduzir o que penso saber,
emperiquitada de jogos com a língua
e feita de júri pras próprias alegorias...
Assim desfilei sem o som do que eu sentia,
vendo-me olhada por arquibancadas vazias.
Tenho inveja da negra nua,
porque meu papel em branco
cobre até vergonhas imaginárias.
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