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FOTOGRAFIA

Ouvi certa vez que entender as coisas pelo seu contrário é como fotografar a alma...

Tive vontade de saber se alguma vez já fui capaz de realizar tal feito, ou se, para isso, antes fosse necessário que eu me despisse de todas as vestes e valores com que tenho me apresentado a cada pose frente a um flash.

Olhei fundo e descobri que me cobria com conceitos sobre o que julgava justo e correto para garantir minha conservação e buscar defesa de eventuais intempéries.

Fui sim medrosa, não firme ou fiel àquilo que dentro carrego.

O que trago além do corpo não cabe num porta-retratos.
E, assim disperso, meu conteúdo mais rico não se deixa retratar.

Quando sou incapaz de vê-lo, não retrato erros da superfície.

Como será o meu avesso e também o dos outros?
Quem poderá um dia criar máquina capaz
de refletir o que o sol ilumina, sem queimar?

Minha verdadeira face queimou em várias fotografias
e agora me debato pra sair das molduras na parede em que me pendurei.

Meu filme acabou.

É preciso trocar os negativos
para registrar a vida
e se deixar por ela pintar.

1 comentários:

asdfg disse...

to refletindo sobre o assunto