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ESPONJA

Quis fazer caber numa palavra
tudo o que o mundo abalava.
Mas, frustrado, tornou-se metáfora.

Ía caminhando pelas ruas e, a cada vala,
numa diferente parte podre de si resvalava.

Via que cada um que cruzava
estava numa encruzilhada e não percebia,
enganosamente agarrado a uma carta,
de jogo, da cartomante, do apóstolo ou do amante.

Que flagrante
havia dado na miséria sem classe ou cara.
Não havia mais espaço ou classificação para a angústia que,
por osmose do todo, o tomara.

O arredor ruía, mas só ele notara.
Por seus sentidos porosos tudo entrava e nada jorrava.

Absorto em poetização solitária,
seguiu transpirando sonhos natimortos
em meio a uma nuvem carregada.

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