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ATESTADO


Palavras são trapaceiras.
Pessoas são plurissignificantes.
Tenho medo de pessoas e palavras.

O que escrevo não pára na linha
e seu sentido segue sentido variados.
Eu permaneço observando e percebo,
também não sei ser linear.

Eu e a língua somos signos,
sou signo de câncer e sina consignada ao tempo,
do viver para sonhar como significado.

Letras são venenosas.
Pessoas são a escrita do que passou.
Eu sou poliglota quando bêbada,
e pulo as grotas de qualquer descaminho.

O mundo que age e fala
vive solto num abecedário desordenado.
Meu discurso desce e sobe ao sabor da mudança das minhas regras ontográficas.

Convicções são folhas secas.
Inverno e outono são obras da natureza que fogem ao controle.
Verão acontece se o pé e a fé são quentes...
Sou prima da primavera quando enxergo suas flores.

Redação é relação.
E, às vezes, também redenção.
É reduto de idéias e
redoma de crenças.

Rendo-me à rede que me prende a frases.
E rodo, mal-interpretada, quando vou para outro lugar,
mudando a ordem das orações.

Todo texto é um teste.
Eu vivo dando testadas...

E só me curo da acidez da linguagem,
corroendo o mundo com novas palavras.

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