Quanto mais me digo,
menos comigo
pareço
ou pereço
entre ideias
sobre o que sou
Talvez eu fale sem saber
porque a palavra
é menos importante
quando estou assim diante
de um espelho feito do outro
Nesse corpo alheio,
meu reflexo é sem forma,
desvanece,
desce sem roupa
e retorna
ao antigo lugar
onde se fabricam os medos...
Quero a projeção
do que desconheço
dentro e fora de mim,
mas ainda não sei
onde termina meu canto
e começa o que me contaram.
Frases de antes me amordaçaram
e já não tenho voz para um grito
Sou meus próprios conflitos
feitos de dor e cura
Não consigo ter amargura,
mas carrego a acidez
do julgamento,
enquanto provo
provas por todo lado
Cada expressão é um fardo
superficialmente leve,
sem a substância
do que calam os sentidos
O egocentrismo me centrifuga
e foge a indicar o centro
das coisas
Girando em meu eixo desajustado,
fui dispersa em peças desesperadas
e apressadas pela volta
Mas, a origem de tudo tampouco importa...
Espero a aceitação calma
frente ao abismo
que, assim como o salto,
é da mente obra
VIAJE
Se ha empezado un camino,
hecho de palabras navegables,
cada charla, una ola,
cada acento, un paisaje.
Búsquedas y destinos distintos,
en común mirada al desconocido.
La gana es único puerto,
Y las lenguas riquezas compartidas.
Buena suerte navegantes,
Porque ya no hay tierra firme.
Sólo un mar de inquietudes
Y la infinitud de los sueños que existen.
hecho de palabras navegables,
cada charla, una ola,
cada acento, un paisaje.
Búsquedas y destinos distintos,
en común mirada al desconocido.
La gana es único puerto,
Y las lenguas riquezas compartidas.
Buena suerte navegantes,
Porque ya no hay tierra firme.
Sólo un mar de inquietudes
Y la infinitud de los sueños que existen.
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BOCA A BOCA
Se o tempo de entrada e saída do ar
é a duração do que tenho,
hoje sou brisa
e movo-me com a marola.
Crio formas em que às vezes me moldo,
pulando pra dentro de temores inflados,
mas a verdade é que somos todos furados,
ainda que cheios de vida e sonho.
Não se sente murchar quem, ao soprar,
contempla.
Mas, tenho inspirado muita coisa
sem me dar por aerada,
e as mitocôndrias, carregadas
de mito e conto, perderam-se.
Ausente de máscaras pra respirar,
preciso de oximaginação.
Oxalá o que eu inalar
volte à liberdade do vento.
é a duração do que tenho,
hoje sou brisa
e movo-me com a marola.
Crio formas em que às vezes me moldo,
pulando pra dentro de temores inflados,
mas a verdade é que somos todos furados,
ainda que cheios de vida e sonho.
Não se sente murchar quem, ao soprar,
contempla.
Mas, tenho inspirado muita coisa
sem me dar por aerada,
e as mitocôndrias, carregadas
de mito e conto, perderam-se.
Ausente de máscaras pra respirar,
preciso de oximaginação.
Oxalá o que eu inalar
volte à liberdade do vento.
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DE AGNÓSTICOS
Já não me preocupa seu tamanho,
ou as ramificações dela derivadas,
o que quero da linha da vida
é a saída de linha.
O subir e descer inconstante na medição do pulso,
à medida que solavancos de dor e prazer
estremeçam a vitalidade...
isso indica a existência de vida no aparelho
onde, emparelhados, os seres se examinam.
Algo diz que, embora haja ar nos alvéolos
e alvoreceres,
a respiração é cada vez mais fraca,
de uma falsa firmeza tranqüila e apática,
não aquela dos bebês quando dormem,
mas a dos senis dementes que, tais quais as plantas,
contentam-se, por não saber o que é ser contente,
com o simples agir das trocas gasosas.
O mundo todo ficou doente,
e se previne da sanidade.
Deixei de me medicar por um dia
como os loucos,
que guardam o remédio sob a língua,
e redescobri, degustando, tudo aquilo que arde.
Ah, o sofrimento, o grito, o desespero,
agulhadas de angústia auto-aplicadas...
Essas picadas libertadoras me fazem menos morta,
mas igualmente culpada,
ainda que, vivenciando o alívio
de não me sentir bem,
quando o sangue derramado
é não se sabe de quem.
Enfim, livre para agonizar com a falta de controle,
imune ao narcótico cortante da terapia alienante,
apodrecendo por dentro, como frutos verdadeiros
cuja perfeição estática não é de cera.
Moscas varejeiras me cercam,
rastreando o mau cheiro de água parada,
que, antes estagnada, agora rompe em cascatas.
Elas descem desestabilizando os barrancos
onde, como os outros, sobrevivo, agarrada.
Mas, aterradoramente, os soterrados ainda rendem,
vendendo jornais dentro de suas tumbas,
e os infectados por males escapam ao fim,
chorando chuvisco sobre águas já fundas.
Descobri-me alérgica à ponderação,
e ao comprimido manipulado da informação.
Todos conhecem suas tragédias,
e poucos se sujam com o pus alheio,
pondo o dedo na ferida para tratá-la.
Irremediavelmente curada da busca pela saúde,
exporia em vitrine minhas chagas,
desde que elas tivessem cor de carne viva
e não o verde da bile jorrada em palavras.
ou as ramificações dela derivadas,
o que quero da linha da vida
é a saída de linha.
O subir e descer inconstante na medição do pulso,
à medida que solavancos de dor e prazer
estremeçam a vitalidade...
isso indica a existência de vida no aparelho
onde, emparelhados, os seres se examinam.
Algo diz que, embora haja ar nos alvéolos
e alvoreceres,
a respiração é cada vez mais fraca,
de uma falsa firmeza tranqüila e apática,
não aquela dos bebês quando dormem,
mas a dos senis dementes que, tais quais as plantas,
contentam-se, por não saber o que é ser contente,
com o simples agir das trocas gasosas.
O mundo todo ficou doente,
e se previne da sanidade.
Deixei de me medicar por um dia
como os loucos,
que guardam o remédio sob a língua,
e redescobri, degustando, tudo aquilo que arde.
Ah, o sofrimento, o grito, o desespero,
agulhadas de angústia auto-aplicadas...
Essas picadas libertadoras me fazem menos morta,
mas igualmente culpada,
ainda que, vivenciando o alívio
de não me sentir bem,
quando o sangue derramado
é não se sabe de quem.
Enfim, livre para agonizar com a falta de controle,
imune ao narcótico cortante da terapia alienante,
apodrecendo por dentro, como frutos verdadeiros
cuja perfeição estática não é de cera.
Moscas varejeiras me cercam,
rastreando o mau cheiro de água parada,
que, antes estagnada, agora rompe em cascatas.
Elas descem desestabilizando os barrancos
onde, como os outros, sobrevivo, agarrada.
Mas, aterradoramente, os soterrados ainda rendem,
vendendo jornais dentro de suas tumbas,
e os infectados por males escapam ao fim,
chorando chuvisco sobre águas já fundas.
Descobri-me alérgica à ponderação,
e ao comprimido manipulado da informação.
Todos conhecem suas tragédias,
e poucos se sujam com o pus alheio,
pondo o dedo na ferida para tratá-la.
Irremediavelmente curada da busca pela saúde,
exporia em vitrine minhas chagas,
desde que elas tivessem cor de carne viva
e não o verde da bile jorrada em palavras.
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AMPULHETA
Farta dos fatos e,
fatalmente fatídica em fotos,
Vejo: o que aconteceu não se retrata,
nem se redige ou relata.
Meus passos de antes se apagaram com o vento,
que emaranhou cabelos e dissipou sentidos.
Mas, tenho ontens antigos em mim,
ocos e incrustados como ostra em rocha.
Conto histórias usando insuficientes números
porque sequer as palavras são infinitas.
Aninhada no amanhã,
quando o agora é agonia,
a manha dos homens
foge ao hoje.
As horas presentes, tão rápidas,
bastam e desbastam o topo dos mais altos planos,
e os segundos seguem e me seguem,
sendo vida e morte a todo instante.
O atual é tudo
E nada é o bastante.
fatalmente fatídica em fotos,
Vejo: o que aconteceu não se retrata,
nem se redige ou relata.
Meus passos de antes se apagaram com o vento,
que emaranhou cabelos e dissipou sentidos.
Mas, tenho ontens antigos em mim,
ocos e incrustados como ostra em rocha.
Conto histórias usando insuficientes números
porque sequer as palavras são infinitas.
Aninhada no amanhã,
quando o agora é agonia,
a manha dos homens
foge ao hoje.
As horas presentes, tão rápidas,
bastam e desbastam o topo dos mais altos planos,
e os segundos seguem e me seguem,
sendo vida e morte a todo instante.
O atual é tudo
E nada é o bastante.
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