PODER
A morte de um nada é
quando a vida do outro é soterrada.
Vidas sob escombros desaparecem
sem se perder da minha mirada.
Toda ideia que tenho sofre ao não encontrar guarita
e tenho vergonha de ser humana,
se é acabado um conceito de humanidade.
Olha-se o outro com desprezo por não se enxergar
que toda vista é um reflexo, ainda que não reflexão.
O homem não é sociável, embora social.
Reúne-se para somar forças por desejo que é só seu.
Assim, de um mesmo grupo, sai tanta discordância.
O ser perde o elo com o mundo quando vive intolerância.
O poder anda com o dinheiro,
O querer não encontra riqueza que lhe baste.
Se alguém pode uma coisa, logo pensa que é pouca.
A vida é foda,
prazer e dor misturados,
excretas e energias de todo lado...
É o amar só depois de arrasado,
o valor sobre o já gasto,
e o eterno querer que nada pode.
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AMAR É
Olho a praia e não sei decifrar
Onde termina o céu, onde começa o mar.
A linha no horizonte indecisa
não sabe se divide o ar ou desliza
até a visão de quem se sente um pouco infinito...
Como a linha infinita no azul,
não sei se sou norte ou sul.
Meu peito quer alto alcançar,
minha pele ondula ao luar.
Mas, a mente, essa traz a reta do olhar,
tortuosa, perdida,
silhueta escondida em nuvens,
ela plaina cadente e incandecente,
cortando qualquer brisa.
Os novelos brancos do céu invejam do oceano o balanço
e se vertem em espuma.
Uma estrela do mar cansa do agito em maré
e pula, de repente, ao devaneio, noturna.
Sou maresia, sopro de luz e dia
quando me deixo atravessar
pela preciosidade imprecisa.
Quero navegar e parar também celeste,
ser rosa dos ventos e ventar...
E a natureza inconstância me empreste!
Porque me sinto viva se me bate essa imagem
que o horizonte origina sem pedir passagem.
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CONSELHO DE INSEGURANÇA
Sou conselheira primeira dos erros que cometo.
Não sou palestina, tampouco judia...
Apenas judia-me a ideia de ver tanto tormento.
A Organização das Noções Urgentes que trago na mente,
faz-me sem validade.
É ônus da benevolência humilde essa outra ONU apresentada,
unificada em nada, universal em fachada...
Somos mesmo menores em relação ao que criamos.
Meu Produto Interno é bruto porque ainda não se entregou ao ourives externo.
Fecham-se contas enquanto me fecho, conta,
pregada no tecido dos contos contentes que inventei.
Zonzos, de tanto olhar pro sol do umbigo,
agredecemos aos cientístas por nos dizerem o quanto somos insignificantes.
Cremos tanto nisso, que agora nos bombamos, com foguetes e anabolizantes,
E transpassando balas na carne e em mentes fugindo de fatos,
até que chegue a morte.
Pegue a última pedra e fume ou jogue no inimigo mais próximo...
Antes do apocalipse, já se forma o eclipse que nos faz deixar de ver a lua.
Saio, então, pra rua,
peço, parem,
Digo, sou nada e sou mais,
poderia ser eu a estar morrendo,
que diferença isso faz...
Ou, Deus planejou que estaria ilesa, sofrendo de tiros invisíveis?
Mirou um pouco pra cá, ao invés de me pôr em meio a qualquer conflito...
Me ama esse senhor e sou grata por viver colocada num campo de concentração sem fim.
Com centro em nada,
Concentro ação em tudo,
Pouca coisa mudo,
Mas vivo uma eternidade concentrada.
Que mistério cria o sofrer por outro,
E ao mesmo tempo o encontro sem propósito e palavras?
Que lição há contida na constante lida entre a felicidade interna bruta,
e as relações diplomáticas?
Onde vizinhos são estrangeiros,
mendigos são alienígenas,
Diferenças são afrontas,
Pode-se ser o mundo,
mesmo isolado e recluso em casa.
A TV e a NET dão ordem à humanidade,
e a ONU é parte do espetáculo humano de quem
brinca de Deus, destrundo homens e criando divindades.
GAZA EM GAZES
Com a palavra, o poderoso:
- No cômodo apertado da Terra,
Por comodismo, não quis ouvir quem divergisse.
E, com a vassoura em punho, apunhalei mil seres
inferiores que me impediam de alcançar desejos.
Sou rodeado de baratas humanas, e o barato humano
agora é detestar detetizando.
É cara a firmeza, embora seja para a promoção da segurança do mundo.
Sou seguro ao não querer sofrer a ameaça de qualquer mudança em tudo.
Com o zumbido, o inferior:
- Eu sou uma vida barata,
Minha mão calejada vale alguns centavos.
Meu sangue pode cair por terra, se não caírem as bolsas.
Minha família é morta, ou morre se nada come.
Enquanto, estranho e aceito,
o fato de que o alimento do mundo é o chumbo!
Ando chumbado, detonado, e arrasado...
perdi as orelhas que ouviam insultos.
Mas, mantive a boca pra maldizer o malfeitor.
E me deito muito antes de relaxar a dor.
Por que agora já não dou a outra face.
Cresci e me alimentei de todo o ódio imaginável.
Virei gigante em espírito histórico,
sem pele e de ossos perdidos em solo arenoso.
O alimento que me resta é também chumbo!
- De canhões e dólares sobrevive a vingança das baratas...
Com a palavra, o poderoso:
- No cômodo apertado da Terra,
Por comodismo, não quis ouvir quem divergisse.
E, com a vassoura em punho, apunhalei mil seres
inferiores que me impediam de alcançar desejos.
Sou rodeado de baratas humanas, e o barato humano
agora é detestar detetizando.
É cara a firmeza, embora seja para a promoção da segurança do mundo.
Sou seguro ao não querer sofrer a ameaça de qualquer mudança em tudo.
Com o zumbido, o inferior:
- Eu sou uma vida barata,
Minha mão calejada vale alguns centavos.
Meu sangue pode cair por terra, se não caírem as bolsas.
Minha família é morta, ou morre se nada come.
Enquanto, estranho e aceito,
o fato de que o alimento do mundo é o chumbo!
Ando chumbado, detonado, e arrasado...
perdi as orelhas que ouviam insultos.
Mas, mantive a boca pra maldizer o malfeitor.
E me deito muito antes de relaxar a dor.
Por que agora já não dou a outra face.
Cresci e me alimentei de todo o ódio imaginável.
Virei gigante em espírito histórico,
sem pele e de ossos perdidos em solo arenoso.
O alimento que me resta é também chumbo!
- De canhões e dólares sobrevive a vingança das baratas...
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