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AGRADO

A graça da vida está na séria mania
de colar sem gracices
para formar um mosaico gracioso.

Às vezes, um gracejo produz vazio,
enquanto a desgraça, com seu desvario,
pode fazer do outro dia ação de graças.

Nada é de graça!

TARÔ

Tenho feridas fechadas,
Dores que degusto,
e desgostos que adoro.

Deve ser culpa do câncer,
Estranha doença que dentro corrói.
Fora me dói,
E do zodíaco afrodisíaco me escorre por veias.

Tenho luas abertas,
Signos sem ascendentes,
Ascensões insignificantes...
Vendedor ambulante
Das bulas que não sei ler.

Antes madame me dissesse
Se adianta alguma prece.
Ou o fim é uma benece,
Que eu cavo em sulcos na palma.

Tenho portas semicerradas
Chaves perdidas
Perdas chaviadas,
Atrás, medo latente e uma alma embrulhada.

Piso búzios entre cascalhos,
e sou todo embaralhado.
Leia-me e eu te devoro.